terça-feira, 14 de maio de 2013

Vaidosa de Cesário Verde


Dizem que tu és pura como um lírio
E mais fria e insensível que o granito,
E que eu que passo aí por favorito
Vivo louco de dor e de martírio.

Contam que tens um modo altivo e sério,
Que és muito desdenhosa e presumida,
E que o maior prazer da tua vida,
Seria acompanhar-me ao cemitério.

Chamam-te a bela imperatriz das fátuas,
A déspota, a fatal, o figurino,
E afirmam que és um molde alabastrino,
E não tens coração, como as estátuas.

E narram o cruel martirológio
Dos que são teus, ó corpo sem defeito,
E julgam que é monótono o teu peito
Como o bater cadente dum relógio.

Porém eu sei que tu, que como um ópio
Me matas, me desvairas e adormeces,
És tão loura e dourada como as messes

E possuis muito amor... muito amor-próprio. 


- Se formos a ver bem todos os poetas tinham uma mulher que lhes dava a volta à cabeça, e ainda hoje temos sempre alguém que nos dá a volta à cabeça. E por vezes sabe bem aquela mística de amor-ódio, mas não em demasia, claro! Para concluir acho todas as pessoas deviam de ter um pouco de vaidade e amor próprio.


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